Vale do Paramirim: magnetitito similar ao de Kiruna, além de zinco, cobre, lítio, ouro, grafite e terras raras

Província Mineral na Bahia inclui mais de 32 municípios

Por Conexão Mineral 14/06/2019 - 16:17 hs
Foto: Patrick Silva/ Ascom CBPM
Vale do Paramirim: magnetitito similar ao de Kiruna, além de zinco, cobre, lítio, ouro, grafite e terras raras
Geólogo João Cavalcanti apresentando o projeto da Província Mineral Vale do Paramirim

A Província Mineral do Vale do Paramirim, formada por oito distritos mineiros,  pode transformar a Bahia em uma potência exportadora internacional. A descoberta vem sendo tratada pelos profissionais da área como uma das maiores descobertas do século XXI. O projeto, da Companhia Vale do Paramirim (CVP-S.A.), presidida pelo geólogo João Cavalcanti, agrega mais de 32 municípios baianos e foi apresentado na Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), órgão ligado à Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE) da Bahia, em evento realizado no dia 10 de junho.

Magnetitito dispensa barragem de rejeitos

Através da interpretação de dados de geologia básica (mapas geológicos regionais) executados pelos governos federal (CPRM e Ministério de Minas e Energia) e estadual (CBPM) a Companhia Vale do Paramirim (CVP-S.A.) reconheceu 08 distritos mineiros que constituem conceitualmente uma das maiores descobertas do século XXI, a Província Mineral do Vale do Paramirim (PMVP).

A Nova Província Mineral do Vale do Paramirim é um ambiente com abundante variedade metalogenética, identificando-se depósitos promissores de classe mundial, dentre esses minério de Ferro, Zinco, Cobre, Grafite, além de Ouro, Lítio e Terras Raras. Nesse sentido foi aplicado o conceito de “sistema mineral” para formular modelos exploratórios mais adequados à tipologia dos depósitos minerais em prospecção e com isso agregar mais eficiência e racionalidade na aplicação dos recursos.

Pela primeira vez na história da prospecção e exploração mineral brasileira, uma empresa (CVP-S.A.) utilizou um programa de sondagem rotativa diamantada com testemunhagem contínua, bem como furos de sondagem percussiva, o que deu velocidade à informação e interpretação dos dados.

A PMVP agrega mais de 32 municípios baianos, sendo os principais distritos mineiros localizados em Caetité, Ibipitanga, Paramirim, Licínio de Almeida, Boquira e Macaúbas, correspondendo aos alvos: Papa Mel-Jatobá, Morro do Pereiro Norte e Sul, Área T, Olho D´água e Serra do Carrapato, pertencentes aos direitos minerários da CVP-S.A.

Os trabalhos executados no ano de 2018 possibilitaram a confirmação e ampliação dos recursos geológicos determinados pelos trabalhos da World Mineral Resources (WMR) que, inicialmente, eram estimados em 1,2 bilhão de toneladas de Minério de Ferro com teores entre 35% a 60% de Fe. As pesquisas executadas pela Companhia Vale do Paramirim apontam que esses recursos que podem ultrapassar 1,7 bilhão de toneladas, ou seja, foram agregados mais 50% de recursos.

Destacam-se os alvos Morro do Pereiro Norte e Sul a presença de minério de ferro do tipo magnetitito com alto teor de Fe, similar aos depósitos de Kiruna (Suécia), que durante os séculos XVIII e XIX, sustentou a economia siderúrgica da Europa. Tal tipo de minério, dispensa a construção de barragem de rejeito, fato que vem impactando negativamente a produção de minério de Fe na Província do Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais com déficit anual de 90 milhões de toneladas, afetando a balança comercial de exportação brasileira.

Mineração é oportunidade de desenvolvimento para o interior

De olho na oportunidade de negócios, a SDE quer atrair investidores para o projeto. “Além de ser um excelente gerador de empregos e renda, a mineração é uma porta para a interiorização do desenvolvimento”, afirma João Leão, vice-governador e secretário de Desenvolvimento Econômico. “A Bahia vai ter uma nova era de desenvolvimento, como ocorreu no passado com o Polo Petroquímico de Camaçari. Desta vez, com projetos como a ponte Salvador-Itaparica, a Fiol e esses novos projetos de mineração capitaneados pela CBPM”, projeta Leão. 

No Brasil, a Bahia é o quarto produtor mineral, atrás apenas de Minas Gerais, Pará e Goiás. O estado está em primeiro lugar na produção de bens minerais do Nordeste. Nos últimos anos, o setor de Mineração recebeu investimentos de R$ 433 milhões e deve ampliar essa margem para R$ 700 milhões, com previsão de chegar a 15 mil empregos diretos, frutos dos novos protocolos de intenções assinados com a SDE. 

“O setor mineral exige conhecimento geológico, certificação e viabilidade de reservas para criar confiança no investidor. Então, quanto mais trabalharmos com detalhes de dados, mais o mercado investidor ficará interessado. Não tem incentivo maior do que mostrar a viabilidade do empreendimento. Acredito ser um passo fundamental que o Estado da Bahia pode fazer, através da CBPM, na busca pela atração de investimentos nesses projetos”, afirma Tasso Mendonça Júnior, diretor da Agência Nacional de Mineração (ANM).

Já o diretor-presidente da CBPM, Antônio Carlos Tramm, defende que a descoberta dessa nova província fortalece e ratifica a continuidade e finalização da Fiol e do Porto Sul: “Não se pode pensar em ter uma indústria mineral, como a de extração de ferro, sem contar com transporte ferroviário e porto para exportação”. A previsão é que a exploração  comece até 2022.